O aguardado longa, Beira-Mar, estreia amanhã (5) nos cinemas, e nós do Espaço Filme, tivemos a oportunidade de entrevistar os atores e diretores dessa história incrível de amizade, amadurecimento e reaproximação. Durante a entrevista, tentamos abordar mais a sexualidade, a amizade, o amadurecimento, e o preconceito da sociedade. Confiram tudo o que rolou abaixo:
Filipe Matzembacher: Eu não sei se concordo que esse seria o primeiro. Talvez para o público jovem, sim. O filme Beira-Mar a gente tentou ser o mais honesto possível com aquilo que os personagens naquela época queriam retratar e a gente testou doando para os personagens a evolução deles, os olhares, o desejo a espera e no momento em que eles estão ali, os dois evoluindo ao mesmo tempo, se a gente cortasse não estaríamos sendo completos com a história dos personagens, então precisava mostrar aquela cena de afeto que é muito mais que desejo, é uma cena de carinho.
Marcio Reolon: A cena toda é construida no afeto. A gente foca mais no toque, no olhar entre eles, no carinho... isso é o que conduz aquele momento
Filipe Matzembacher: A gente tem que ser honesto com o público. O público vai se incomodar mas acho que tem que se incomodar, porque na hora que eu me incomodo com uma cena de sexo é muito mais sobre como eu vejo uma cena dessas, como vejo um afeto entre dois meninos do que como eu vejo uma cena de sexo.
Diegonly Laker: Como vocês encaram o filme diante da sociedade preconceituosa e porque deixar a parte "gay" do filme mais pro final? Por que não abordar mais?
Filipe Matzembacher: Para mim, a parte gay do filme não existe, está em dividido em todo o filme. O que acontece é que o ato em si está mais para o final. O Beira-Mar é um filme em que um personagem vai conhecendo mais o outro, vão criando mais intimidade e por fim o clímax vai ser um ato sexual. Mas aos poucos vamos percebendo que o personagem Tomaz (Maurício Barcellos) está incomodado e quer falar pro amigo sobre sua sexualidade e isso tudo foi em um crescendo.
Diegonly Laker: Para você, Mateus, sendo hétero, como foi fazer uma cena de sexo gay?
Mateus Almada: Foi a mesma coisa que fazer uma cena de sexo com uma menina. Se constrói um clima para a cena e a gente está no set, um local de trabalho, e temos que estar cuidando com posicionamento da câmera e tudo o mais. Eu não vejo como um problema, incômodo nem nada. Ali no momento eu estava concentrado em ser o Martin e o Martin queria fazer sexo com um amigo, então para mim não foi um problema.
Diegonly Laker: Para vocês, como foi buscar esse processo de amizade distante que ao mesmo tempo se transforma nessa relação tão carinhosa?
Maurício Barcellos: Isso foi bastante construído com os ensaios. Ensaiamos e tivemos preparação com os diretores por 7 meses, conversamos muito sobre os personagens e nos conhecemos melhor. E eu nunca tinha atuado, então para mim foi um trabalho essencial.
Filipe Matzembacher: A gente também rodou o filme na ordem. Normalmente se grava um filme de acordo com questões de produção, então as vezes em um filme, estamos no primeiro dia de filmagens gravando a última cena, mas nesse filme nós fizemos questão de filmar em ordem cronológica, então foi um processo que os meninos viveram a jornada dos personagens e isso foi legal para a atuação deles.
Diegonly Laker: Maurício, então você nunca trabalhou com nada como o teatro, por exemplo?
Maurício Barcellos: Não, na verdade eu sempre gostei das câmeras então eu já modelei, participei de algumas coisas na TV mas construir um personagem e atuar no cinema eu nunca tinha feito, mas me encontrei e adorei.
Diegonly: Uau, Parabéns!
Diegonly Laker: E como surgiu esse projeto?
Filipe Matzembacher: Eu e o Marcio nos conhecemos na faculdade de cinema em Porto Alegre e começamos a refletir sobre como a gente teve adolescências parecidas, medos e desejos... E frequentávamos a mesma praia no inverno e verão, que é a praia do filme, Capão da Canoa. Então começamos a conversar e fazer curtas juntos até que decidimos fazer um filme sobre como é entrar na vida adulta; que os personagens vão pra essa praia para construir quem eles vão ser pro resto da vida; um final de semana que aparentemente nada de especial acontece, mas que depois de tudo aquilo você percebe o que de adulto se formou naquelas 48 horas. Então voltamos na nossa memória, buscamos várias situações que vivemos, viajamos à praia e construímos à partir disso. Os personagens não são eu e o Marcio mas surgiu à partir de coisa que vivemos
Como vocês podem ver, os 4 são pessoas super simpáticas e talentosas. Gostaria de agradecer nossa fotógrafa, Gabriela Roméro, à Vitrine Filmes e aos atores e diretores por essa oportunidade.
Sinopse: Durante o inverno, dois jovens viajam ao litoral gaúcho. Martin precisa visitar parentes distantes em busca de um documento para seu pai. Tomaz aceita acompanhá-lo nessa jornada, aproveitando a oportunidade para se reaproximar do amigo. Os dois passam os dias imersos em um universo próprio, expostos à família que rejeita Martin e à estranha distância que surgiu entre ele e Tomaz. Alternando entre distrações corriqueiras, reflexões sobre suas vidas e sua amizade, os garotos se abrigam em uma casa de vidro à beira de um mar frio e revolto.
Confira o trailer do filme abaixo:
Nenhum comentário:
Postar um comentário